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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Salò, ou os 120 Dias de Sodoma


Depois de alguma resistência, em parte pelo receio do impacto que o filme, talvez, pudesse provocar em mim, resolvi assistir Salò ou Os 120 Dias de Sodoma, último filme do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini. O argumento do filme surgiu de uma adaptação livre de um texto de autoria do Marquês de Sade, intitulado 120 Dias de Sodoma e, ao mesmo tempo, contextualiza, sem sutilezas, mas repleto de metáforas, um critica ao regime nazi-facista italiano, tendo como pano de fundo a fictícia república de Salò.

Na minha opinião, todo tipo de manifestação artistica pode ser encarada como reflexo da personalidade de quem o cria. O filme tem, sim, um discurso politico de esquerda, onde a minoria, representada pela classe proletária de salò e personificada em 16 jovens, oito garotas e oito rapazes, é subjugada através de todo tipo de sevícia a que um ser humano pode ser submetido, indo ao extremo do extremo. Os responsáveis por perpetrarem tais atrocidades são, justamente, os personagens que representam o regime nazi-facista, representado por um duque, um monsenhor e dois presidentes, um do banco central e outro do tribunal. Como coadjuvanes, há senhoras, integrantes do partido, que relatam suas desventuras sexuais em um grande salão, ocorridas quando eram crianças, e com o intuito de despertar a lascívia em todos os presentes.

Saló seria o primeiro filme da trilogia da morte, a qual daria sequencia à trilogia da vida, composta pelos filmes Decameron, Os Contos de Cantebury e as Mil e uma Noites, mas, como todos sabem, Pasolini foi brutalmente assassinado antes da produção do segundo filme, não se sabendo se foi por motivações políticas ou passionais.

Dono de um poderoso roteiro e uma excelente direção, indico o filme com a ressalva de que há cenas que podem chocar os mais sensíveis, as quais não me compete pormenorizar quais são elas, mas dizendo, de antemão, que o filme culmina com um dos finais mais surpreendentes que eu já vi.

Me despeço, deixando um grande abraço.


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