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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Um Estranho no Ninho: A Impactante e Perfeita Fusão da Literatura e do Cinema


É bem provável que você nuca tenha estado em um hospital psiquiátrico na condição de paciente, o que, de forma alguma, o tornará um ser humano melhor, pior ou diferente das pessoas que lá estão. A loucura, literal e patologicamente falando, dentro de um contexto social, seja ele qual for, pode ser vista sob diferentes perspectivas. Não seria justo que a sociedade estabelecesse um padrão mínimo de aceitabilidade quanto ao modo como a cabeça de uma pessoa devesse funcionar.

Logicamente que há indivíduos que, em decorrência de algum tipo de transtorno, precisam de um tratamento e um acompanhamento, tão responsável quanto adequado. A inviabilidade de algo neste sentido significaria um risco à própria integridade física e moral do paciente, bom como a daquelas outras pessoas que o amam e convivem com ele.

O fato é que, recentemente, eu li um livro que me marcou profundamente, cujo nome é Um Estranho no Ninho, de autoria de Ken Kesey, cuja historia se passa, quase inteiramente, dentro de uma instituição psiquiátrica, onde são abordados temas como a loucura e a racionalidade em confronto e, correndo paralelamente a isso, a busca à subversão da ordem pré-estabelecida.

Após uma reiterada e contumaz seqüência de pequenos delitos, Randle Patrick McMurphy consegue, através de alguma manipulação, uma transferência do presídio onde cumpria pena para um hospital psiquiátrico e, lá chegando, depará-se com um desfile de criaturas cativantes que, a meu ver, não merecem a alcunha de loucos e insanos. Após estreitar laços de amizade com a maioria dos internos, Randle se vê na obrigação de enfrentar a fria e injustificável ditadura de uma apática e desumana figura conhecida como Enfermeira Ratched. O saldo da empreitada é que, ao lado do seu melhor amigo, o índio grandalhão e ‘surdo mudo’ Chefe Bromden, e de outros companheiros, McMurphy introduz jogatina desenfreada, bebidas e mulheres dentro do hospital e, ainda, consegue levar todos a uma comovente e fantástica pescaria, onde até o médico da instituição esteve presente.

Assim, até eu queria estar em um lugar desses!

O filme homônimo, dirigido por Milos Forman e co-produzido por Michael Douglas, teve seu roteiro adaptado por Lawrence Hauben e Bo Goldman. Os papéis principais de Enfermeira Ratched e Randle McMurphy ficaram a cargo de Louise Fletcher e Jack Nicholson, cujas brilhantes e perfeitas atuações lhes renderam os oscars de melhor ator e melhor atriz coadjuvante, respectivamente. O trabalho obteve, ainda, as premiações máximas de melhor filme, diretor e roteiro adaptado, feito que só foi conquistado com dois outros filmes: anteriormente, com Aconteceu Naquela Noite e, posteriormente, com o Silêncio dos Inocentes. No entanto, não posso deixar de fazer menção à impagável atuação de Danny DeVito, como Martini, e Will Sampson, como Chefe Bromden que, sinceramente, me cativaram.

Curiosamente, o filme consegue ser tão denso quanto o livro. A atmosfera realística da obra de Kesey é perfeitamente transposta ao filme de Forman através do uso de inúmeros e curiosos elementos, como a incorporação, ao elenco e à equipe, de internos verídicos e a captação das reações do elenco diante das provocações do diretor. Milos Forman cogitou, a principio, descartar a cena da pescaria, pois, desta forma, ele acreditava que a sensação de claustrofobia passada ao telespectador seria mais crível e dramática.

Em que pese o final, sob certo aspecto, triste, o fato que é que o livro e o filme deixam uma emblemática mensagem de companheirismo e não rendição diante das adversidades com as quais, não raras vezes, somos obrigados a enfrentar e, com a justiça e a lealdade fomentando nossas paixões, cedo ou tarde conquistaremos aquilo que ansiamos, sem que permitamos que nos privem de um de nossos maiores bens: a liberdade.


2 comentários:

  1. muito interresante mas não entendi o conceito

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    1. Não sei qual foi sua dúvida, mas, se ajudar, o texto buscou traçar um paralelo entre o livro e o filme dentro de um contexto que abordasse, dentro de uma perspectiva social, a loucura. Obrigado pela visita.

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